Cleber Barbosa, da Redação
O pesquisador amapaense Patrício da Silva Almeida, que é doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários e também em Engenharia Biomédica, é um dos autores intelectuais do tratamento experimental aceito pelo Comitê Médico de Enfrentamento ao Covid-19 no Amapá. Enfermeiro por formação e também com Mestrado em Ciências Farmacêuticas, ele também foi acometido pela doença e levou aos médicos da linha de frente da Pandemia o resultado de suas pesquisas com fármacos, para a construção do novo tratamento, que embora utilizado com sucesso em vários pacientes, ainda não representa necessariamente a cura dela.
Falando ao portal ConexãoBrasília.com, por telefone, ele disse ser necessário muita cautela nas abordagens a respeito desse tratamento, que oficialmente já é um protocolo chancelado pelo Comitê Médico e que recebeu parecer favorável, conforme atestam os médicos Pedromar Valadares Melo, Marco Túlio Muniz Franco e Ana Cristina de Lima Chucre. O Parecer Técnico de Saúde nº 002/2020-CEDEC/AP, intitulado “COVID 19-AÇÕES DE RESPOSTA” foi devidamente encaminhado para consultas técnicas e jurídicas junto Conselho Regional de Medicina do Estado do Amapá, Procuradoria Geral do Estado, Ministério Público Estadual, Ministério Público federal, Defensoria Pública do Amapá, Universidade Federal do Amapá e Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública do Estado do Amapá.
Ele diz que teve todas as reservas possíveis sobre a proposta de tratamento, tendo inclusive se recusado a conceder entrevista a um órgão de imprensa de alcance nacional. “Pois sei que uma notícia como essa pode gerar comoção pública, afinal a população está muito apreensiva e com medo, mas todos nós estamos buscando primeiro salvar vidas, isso é o mais importante, em uma situação de guerra é preciso salvar vidas”, reforça o pesquisador.
O pesquisador explicou que havia um trabalho inicial voltado a se definir protocolos para a utilização de medicamentos como a Azitromicina, Cloroquina e Hidroxicloroquina, que também vem sendo aceitos pelo comitê médico para os casos mais severos de Covid-19. Mas a sua preocupação inicial foi tratar o estágio inicial, para evitar o agravamento do quadro do paciente acometido da doença. Para isso, em parceria com os médicos citados, chegou a desenvolver um protocolo de que trabalhou com substancias químicas comumente utilizadas no tratamento de vermes e até piolho.
Os medicamentos utilizados no tratamento local – que ele prefere não citar publicamente – tiveram sua aplicação também deliberada pelo FDA (Federal Drug Administration), órgão governamental dos Estados Unidos – uma espécie de ANVISA por lá. “Porém a nossa pesquisa trabalhou no desenvolvimento de uma dosagem mais adequada”, disse Patrício, que no parecer técnico chama essa estratégia a busca por soluções terapêuticas. Para avaliação dos fármacos, foi usada revisão de estudos in vitro e avaliação em modelo de simulação por inteligência artificial. “Visto o tempo exíguo imposto pela pandemia. O software utilizado foi o MATLAB e aplicativo associado de inteligência artificial”, complementa o pesquisador.
“Fazer a diferença”
Em sua rede social, Patrício publicou a seguinte mensagem neste domingo:
“Vírus causa uma tempestade de quimiocinas que levam a um processo de inflamação grave pulmonar visto destruição de hemácias e liberação de ferro no endotélio de vasos e parênquima pulmonar, vasos sanguíneos e rim. Para evitar danos quanto mais cedo a intervenção melhor a possibilidade de resposta oportuna do organismo. E evitar graves problemas. Diabéticos e hipertensos devem estabilizar sua pressão e glicemia. Procure um médico qualificado pra intervenção precoce! Não abandone as práticas de proteção em hipótese alguma! Use máscaras! Mantenha a etiqueta de higiene! Evite a todo custo aglomerações! Mas se doente não pense duas vezes em procurar assistência. Isso faz toda diferença!”
“Live”
Nesta segunda-feira, dia 04, a equipe médica que desenvolveu o novo protocolo para o tratamento do Covid-19 no Amapá fará uma transmissão ao vivo por videoconferência com a Dra. Marina Bucar, médica intensivista do Hospital HM Puerta de Sul, da Espanha. Pelo Amapá, participam os médicos Pedromar Valadares Melo, Ana Cristina de Lima Chucre e Marco Túlio Muniz Franco, que assinam com o Dr. Patrício Almeida, o parecer técnico que introduz o tratamento no estado.
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