Cleber Barbosa, da Redação
Quem já precisou ir a Oiapoque ou mesmo à Guiana Francesa na estação das chuvas amazônicas certamente tem alguma história pra contar sobre a viagem pela BR 156, que corta o Amapá de norte a sul. Ela é tida como a rodovia federal mais antiga em construção no país. Já se vão mais de 80 anos, desde que o Marechal Cândido Rondon – um desbravador da região Norte do Brasil – lançou o projeto de abrir uma estrada ligando Macapá à divisa com a Guiana Francesa.
As obras começaram em 1932. Foram apenas nove quilômetros construídos até 1945. De lá pra cá, foram muitas idas e vindas de autoridades locais à Brasília, em busca de recursos federais para asfaltar a estrada, considerada vital para o desenvolvimento e a integração do Amapá por meio dos municípios cortados pela BR 156.
Os primeiros 100 quilômetros de pavimentação da estrada foram construídos no governo do Presidente José Sarney (1985-1990), que depois viria a ser eleito senador pelo Amapá. Depois, como parlamentar do Estado, alocou recursos de suas emendas parlamentares para garantir a retomada da pavimentação. Faltam pouco mais 100 quilômetros para que essa ligação entre a capital e o último município ao norte possa ser feita com segurança.
RESPOSTA
Mas há quem diga que a conclusão da obra tem data marcada. Trata-se do superintendente do DNIT no Amapá, Fábio Vilarinho. Ele diz que para este ano o governo federal alocou R$ 1,3 bilhão para que o órgão possa dar conta de cuidar dos trechos já pavimentados, restaurar os deteriorados e construir onde ainda existe estrada de terra. “Eu acredito que até 2020 será possível ir de Macapá a Oiapoque só no asfalto”, disse o executivo, que assumiu o posto em 2013.
JARI
Saiu a licença de instalação do Ibama para que o DNIT possa iniciar as obras de pavimentação do trecho sul da BR 156, trecho que vai de Macapá a Laranjal do Jari. O anúncio foi feito pelo juiz federal João Bosco Soares, em entrevista a CleberBarbosa.Net. Trata-se de uma antiga demanda da população amapaense que vive na região do chamado Vale do Jari, que compreende os municípios de Laranjal do Jari e Vitória do Jari – região com aproximadamente 70 mil pessoas, de onde também teve destacada atuação a juíza federal Sandra Maria Correia da Silva, da Vara Única da Subseção Judiciária de Laranjal do Jari.
Considerada uma das rodovias federais mais antigas em construção no país, a BR 156 já teria consumido quase 80 anos desde que Rondon a projetou, como fator de integração da Amazônia Setentrional. São aproximadamente 800 quilômetros entre Laranjal do Jari, na divisa do Amapá com o Pará, e Oiapoque, na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa, dos quais 500 quilômetros já estão asfaltados.
O juiz João Bosco é um magistrado diferenciado que a Justiça Federal possui no Amapá, por sua postura proativa, que ele entende ser até mais eficaz que propriamente o mister de julgar conflitos que cheguem à 2ª Vara Federal da Seção Judiciária do Amapá. Ele teve atuação decisiva para a resolução do impasse sobre os licenciamentos das obras de pavimentação da BR 156, fato este reconhecido pelo ex secretário da Setrap, Jorge Amanajás, que também falou à reportagem.
A obra do trecho sul da rodovia federal foi dividida em quatro lotes, sendo que o lote 1 está a cargo do Estado, através de convênio de delegação do DNIT com a Setrap. “Será um trecho de 62 quilômetros entre o quilômetro 21 (entroncamento com a BR 210) até a comunidade do Vila Nova, que nós agora vamos emitir a Ordem de Serviço para a empresa começar a mobilização e instalar o canteiro de obras”, anunciou a Setrap.
Os demais trechos, serão divididos entre o próprio DNIT, que irá licitar os lotes 2 e 3, e o Exército Brasileiro, que ficará responsável pelo lote 4, por convênio, tocando a obra com a tradicional unidade 8º BEC (Batalhão de Engenharia e Construção), cuja sede fica em Santarém (PA). A obra de pavimentação do trecho sul da BR 156 tem um custo estimado em pouco mais de R$ 200 milhões.
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