Marcelo Portela, NMB
O grupo de credores bancários da antiga Zamin aprovou a proposta de recuperação judicial da empresa, segundo informou a Cadence Minerals em nota divulgada nesta segunda-feira (11). A decisão, segundo a empresa britânica, abre caminho para que a joint venture formada pela Cadence e a Indo Sino assumam definitivamente a operação de minério de ferro no Amapá por meio da Dev Mineração.
No comunicado, a Cadence observou que a aprovação dos comitês de crédito dos credores bancários ainda está sujeita à “finalização da documentação” referente ao acordo proposto em setembro do ano passado.
Mas a mineradora do Reino Unido salientou que a decisão ajuda a “pavimentar o caminho para a Cadence investir sua participação indireta inicial de 20% no Projeto Ferro Amapá”, composta por uma mina de minério de ferro integrada, planta de processamento, ferrovia e porto privado.
O acordo com a Indo Sino prevê a aquisição de 27% da joint venture Pedra Branca Alliance que, com a liquidação do processo de recuperação judicial, assumirá o patrimônio da Dev Mineração, passando a deter 99,9% da operação de minério de ferro Amapá.
Para isso, a Cadence vai investir US$ 6 milhões em duas etapas, sendo a primeira tranche, de US$ 2,5 milhões, correspondente a 20% da JV, com o desembolso de US$ 3,5 milhões pelos 7% restantes. O acordo permite à Indo Sino buscar outros parceiros no negócio, mas com preferência para a Cadence adquirir até 49% de participação.
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“O investimento da Cadence está condicionado a várias pré-condições materiais, que incluem a concessão de licenças importantes e a liberação de títulos bancários sobre o ativo”, observou a mineradora.
Em meados de 2020 a Justiça de São Paulo autorizou a Dev a embarcar estoques de minério de ferro até um total de US$ 10 milhões para quitar parte das dívidas da Zamin. Após duas remessas de um total de 1,4 milhão de toneladas do insumo com teor de 32,12% de ferro estocados no Porto de Santana, no Amapá, a Justiça permitiu a ampliação das exportações em mais US$ 10 milhões com o objetivo de custear os estudos para o comissionamento da operação.
“Depois de um processo longo e demorado, estou muito feliz em poder anunciar que agora recebemos a aprovação do comitê de crédito para que os credores bancários assinem o acordo de liquidação”, comemorou o diretor-executivo da Cadence, Kiran Morzaria, ressaltando que, “em termos práticos”, significa que a empresa “tem um caminho e um processo claros para obter Amapá recomissionado, licenciado e de volta à produção”.
Operação
No ano passado, a Cadence atualizou a estimativa de recursos minerais de Amapá. Segundo o relatório de 2 de novembro de 2020, a operação contém um recursos indicados de 176,7 milhões de toneladas com teor médio de 39,7% Fe e recursos inferidos de 8,7Mt a 36,9% Fe, um aumento de 21%.
O Projeto Amapá iniciou as operações em 2007, com a primeira produção de 712 toneladas de concentrado de minério de ferro no ano seguinte. Ainda em 2008, o ativo foi adquirido pela Anglo American e a Cliffs, sendo que a primeira avaliou sua participação de 70% na operação em US$ 866 milhões antes de sua venda em 2012.
Em 2011, Amapá produziu 4,8Mt de concentrado de minério de ferro, volume que passou para 6,1Mt no ano seguinte.. Neste período, a Anglo American relatou lucros operacionais de sua participação de 70% no Projeto Amapá de US$ 120 milhões e US$ 54 milhões, respectivamente.
Em 2015, a Zamin, que havia assumido a operação, entrou com pedido de proteção judicial e a mineração foi encerrada em Amapá. No início de 2019, a Justiça ofereceu aos investidores e credores a oportunidade de apresentar um plano de recuperação judicial revisado, apresentado pela Cadence e Indo Sino já por meio da Dev Mineração.
“Raramente ou nunca vi um projeto de mineração interrompido com esse tipo de potencial”, salientou o presidente do conselho da Cadence, Andrew Suckling. “O anúncio de hoje é um marco para o Amapá, tanto em termos de certeza para os funcionários da Dev, a comunidade em geral do Amapá e para os acionistas da Cadence”, completou.
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