“Estamos deixando Belém do Grão-Pará em direção ao Principado de Macapá”. Esta frase é do piloto de aviação Jorge Mareco, um amapaense que costuma cativar desde seus tripulantes como também seus passageiros sempre que pega o microfone da cabine de comando dos jatos da TAM Linhas Aéreas pelo país. Claro que sempre que o colocam na rota para o Amapá ele se derrete ainda mais e declara seu amor por sua terra, sua gente e sua cidade-natal, a bucólica Serra do Navio. E foi a depois de um voo para Macapá, onde moram seus pais, que ele recebeu CleberBarbosa.Net para falar mais da profissão, da carreira e dos prazeres proporcionados por uma das mais glamorosas profissões, ser um comandante de avião.
A maneira descontraída com que se reporta aos passageiros pelo sistema de som das aeronaves chama a atenção e não é raro alguém lhe perguntar se ele não é um radialista frustrado. “Muitos dizem que estou na profissão errada, que tenho dom para radialista, mas não tenho essa pretensão. Faço isso de vez em quando só para descontrair mesmo e quebrar um pouco o gelo, para ajudar a relaxar as pessoas”, diz, descontraído.
Começo
Ele conta que a aviação passou a fazer parte de sua vida desde a infância, quando observava as aeronaves cruzando os céus e sonhava ser piloto. Na juventude, depois de tentativas prestando vestibular para medicina e odontologia, acabou investindo mesmo na velha vontade de ser aviador. “A aviação me contaminou aos dezoito anos de idade, foi o aerococus, o vírus da aviação, e desde 1995 sou formado como piloto e estou há oito anos na TAM”, relembra.
Ele trilhou o caminho mais trabalhoso – e também o mais charmoso – começando seus estudos em clubes de aviação, como o Aero Clube do Pará. Lá fez a parte teórica e também acumulou as horas de voo até tirar o prevê de piloto privado. Depois foi para Belém Novo, no Rio Grande do Sul. “Lá eu me formei piloto comercial, instrumento, multimotor, enfim, toda a formação final foi lá”, diz Mareco, que explica hoje existir o curso superior de Ciências Aeronáuticas, com os aeroclubes ainda servindo para as aulas práticas dos acadêmicos.
Com uma política de valorizar as localidades onde os comandantes possuem seus familiares, a atual empresa de Jorge Mareco sempre o escala para operar voos para Macapá, para alegria de seus pais, que moram na cidade.
As estatísticas atestam a segurança do avião
A carreira de piloto é, de longe, uma das mais charmosas que existem, afinal poder conhecer seu país inteiro e até vários países pelo planeta não é para qualquer um, mas a pergunta que não quer calar é: e os riscos dessa profissão? Sim pois em caso de algum problema nos voos os resultados poderão ser terríveis, já que de acidentes aéreos pouca gente sobrevive, não é mesmo?
Não para o piloto Jorge Mareco. Ele diz que hoje a aviação está num patamar de segurança absurdo. “A tecnologia embarcada é de outro mundo. Foi-se o tempo que voar era perigoso, pois hoje em dia é muito mais seguro você sair daqui para Belém em uma aeronave de grande porte do que ir daqui até a Praça Zagury de carro, quando pode sofrer um acidente de trânsito”, compara o profissional.
Ele diz ainda que toda essa tecnologia empregada diminui drasticamente a possibilidade de falha humana. “O computador está ali para ajudar a gente, mas claro que na hora em que ele falha, tem lá um ser humanos para controlar, daí eu dizer que a gente não pilota os aviões, a gente os gerencia”, completa Mareco.
Orgulho de ser do Amapá, puxando o bordão da empresa que ele serve
Quem já voou pela TAM sabe do bordão que os comissários repetem sempre, ‘uma companhia que tem orgulho de ser brasileira’. E foi pegando carona nela que o Comandante Mareco certamente se inspira para falar do orgulho de ser amapaense. “Para mim é um orgulho total. A gente saiu daqui, querendo ou não moramos na região norte, longe dos grandes centros do país, portanto com mais dificuldades para a gente sair daqui e se fixar nesses lugares maiores, daí eu falar sempre se boca cheia do orgulho de ser daqui”, diz o piloto.
Ele também usa de muito bom humor para reportar as informações aos passageiros em suas aeronaves. Recentemente foi ‘flagrado’ depois de um pouso que não foi um dos mais suaves em Macapá, quando pegou o microfone de disse, bem a vontade: “Só para avisar que quem pousou o avião foi o copiloto”, para risos de quem estava a bordo. Ele também é espirituoso quando fala da segurança deste tipo de transporte. “Está mais do que comprovado que o avião é o meio de transporte mais seguro que existe, só perde para o elevador…”, diz.
Ele também rende homenagens a várias gerações de pilotos que já voarem e ainda voam no Amapá. Entre seus contemporâneos estão Daniel Oliveira e Felipe Lima,este último inclusive colega de companhia e que já operou voos ao seu lado para Macapá. “Fico muito feliz com essa oportunidade de falar da nossa profissão e de ser do Amapá, pois não é fácil chegar até aqui, foi muita ralação, muito estudo, muito não pela frente e a gente investe alto nisso, porque querendo ou não é um investimento alto a carreira de piloto e a gente sua muito a camisa e todo reconhecimento nos deixa muito feliz, de verdade. Jorge Mareco hoje mora em Florianópolis (SC).
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