Cleber Barbosa, da Redação
Na verdade, Cléo quis ir ainda mais longe quando conquistou o Everest e lançou-se a um ‘double-header’, ao também tentar escalar monte o Lhotse (8516m), porém sem cume.
Mas a amapaense Cléo Pacheco passou por dificuldades até o reconhecimento de seus feitos, mesmo como “cidadã americana”. Segundo o blogueiro e alpinista Pedro Hauck, um dos primeiros a acreditar – e creditar – a ela grandes conquistas. “Até então, ninguém sabia que ela era brasileira, nem eu mesmo. Mas como eu me identifiquei como brasileiro, respondeu em português. Foi aí que a – então desconhecida – Cleo passou a ser notada no Brasil, após eu ter publicado artigos sobre ela”, diz o jornalista brasileiro.
Cleo Weidlich se auto-intitula “sherpa girl” – que no Tibet seria algo como “gente do leste” – e tem um projeto consistente para culminar todos os cumes 8.000 pelo mundo. Em 2009, ela tentou o Broad Peak (8.051m) e culminou o Cho Oyu (8.188m), sem oxigênio suplementar. Essa foi a primeira ascensão feminina brasileira ao Cho Oyu sem oxigênio engarrafado.
Já em 2011, os planos de Cleo eram ainda mais ousados. Na primavera, o Kangchenjunga (8.586m). No verão, o K2 (8.611m). E no outono, a difícil Rota Britânica da Face Sudoeste do Shishapangma (8.027m).
Em Macapá, onde Cléo nasceu e viveu seus primeiros anos de vida, sua família não esconde o orgulho com suas façanhas como alpinista, apesar da grande preocupação com sua segurança. “Mas a gente confia muito nela, que sempre busca seguir as regras de segurança, algo fundamental para profissionais de ponta como ela se tornou”, diz seu irmão, o empresário Edyr Pacheco.
O Kangchenjunga (8586m) é o 8000 mais oriental que existe, ficando na extremidade leste do Nepal, na fronteira com a Índia (Sikkim). É a terceira montanha mais elevada do planeta, e é considerada uma das três mais difíceis (juntamente com Annapurna e K2). Por ser remota, afastada, e difícil, é um dos 8000 menos escalados. A primeira ascensão foi em 1955, por George Band (UK), Joe Brown (UK), Norman Hardie (N-Z) e Tony Streather (UK). O único sul-americano, antes de Cleo, foi o top climber Ivan Vallejo (ECU), em 2006.
Pouquíssimas mulheres até hoje subiram o Kangchenjunga, a lista completa é essa:
1 – Ginette Harrison (UK), em 1998
2 – Gerlinde Kaltenbrunner (AUT), em 2006
3 – Oh Eun-Sun (C-S), em 2009 [cume contestado]
4 – Edurne Pasaban (ESP), em 2009
5 – Kinga Baranowska (POL), em 2009
6 – Go Mi-Sun (C-S), em 2009
7 – Cleo Weidlich (BRA), em 2011
8 – Rosa Fernandez (ESP), em 2011
Em seu diário, relatos de como foi a conquista dos maiores picos
Cléo relembra a conquista do Kangchenjunga (8586m), o 8000 mais oriental que existe, ficando na extremidade leste do Nepal, na fronteira com a Índia (Sikkim). É a terceira montanha mais elevada do planeta, e é considerada uma das três mais difíceis (juntamente com Annapurna e K2). Na noite do dia 19 de Maio, partiram rumo ao cimo do Kangchenjunga mais ou menos 45 alpinistas e sherpas. Compunham o ataque ao cume expedição russa, expedição indiana, expedição italiana, expedição comercial internacional, e vários alpinistas avulsos. O cume foi atingido na manhã do dia 20 de Maio, por 24 alpinistas (em relatos preliminares), os primeiros as 7 da manhã, e os últimos por volta das 10.
Estiveram no cume, por exemplo, Tunç Findik (TUR), Dawa Sherpa (NEP), Guntis Brands (SUI), Mingma I Sherpa (NEP, que concluiu, então, os catorze 8000), Basanta Kumar Singh Roy (IND), Debasish Biswas (IND), Pasang Phutar Sherpa (NEP), Pemba Chhuti Sherpa (NEP), Tashi Sherpa (NEP), Israfil Ashurly (AZE), Nikolay Totmjanin (RUS), Mario Panzeri (ITA), Rosa Fernandez (ESP), Anselm Murphy (IRL), Pawel Michalski (POL), Ted Atkins (UK), Blair Falahey (AUS), e Cleo Weidlich (BRA) com seus sherpas Pema Tshering (NEP), Dawa (NEP) e Tenzing (NEP).
Os primeiros relatos eram positivos, e Cleo havia feito cume sem oxigênio suplementar, um feito estupendo. Todavia, “o cume é só metade do caminho”, em ditado repetido múltiplas vezes por todos os alpinistas. Nos dizeres do grande mestre Ed Viesturs, “ir até o cume é opcional, descer é obrigatório”. E, na descida começou o longo calvário de Cleo Weidlich…
Fonte: Rodrigo Granzotto Peron (Explorersweb)
CURIOSIDADES
Com o cume do Kangchenjunga, Cleo conquistou vários recordes:
– Primeira ascensão absoluta brasileira do Kangchenjunga,
– Primeira mulher sulamericana a culminar 5 picos 8000 principais,
– O Brasil concluiu o TOP 3 (EV com Michel Vincent, K2 com Waldemar Niclevicz, e Kangchenjunga com a Cleo Weidlich), o que é uma honraria conquistada por muito poucos países (na América do Sul, apenas o Equador, com o Ivan Vallejo, tem essa conquista).
8.848 metros
Altura do Pico Everest, o maior do planeta.
EVEREST
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