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Dr. Fábio é coordenador do Serviço de Urologia do Hospital da Mulher, Membro da SBU | Foto: Divulgação
Entrevista

“A estimativa é que um em cada dez brasileiros sofra de pedra nos rins”.

Dentre tantas preocupações com a saúde, a chegada do verão marca ainda uma maior incidência das famosas pedras nos rins. Médico fala sobre a doença, aborda tópicos como suas causas, diagnóstico, prevenção, dentre outros. Confira!

Betral

Cleber Barbosa, da Redação

Blog do CB – Em se tratando de um veículo de comunicação de grande alcance, como o jornal e, consequentemente a internet, o senhor poderia explicar o que significa realmente a famosa pedra nos rins doutor? Como age?
Fábio Sepúlveda – Uma dor intensa, que vai e volta, começando nas costas e irradiando para o abdômen. Esse é o mais comum sintoma de que a pessoa pode ter um cálculo renal. A estimativa é que um em cada dez brasileiros sofra do problema, que se torna 30% mais comum no verão, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Conforme a gravidade do quadro do paciente, uma cirurgia pode ser necessária para a remoção das pedras formadas pelo acúmulo de cálcio, ácido úrico, oxalato ou cistina dentro dos rins ou dos canais urinários. De acordo com o nosso departamento de Endourologia e Calculose da SBU, os cálculos renais são mais frequentes em homens e na faixa dos 20 aos 35 anos. Em uma campanha realizada em janeiro de 2021, a SBU destacou que 20% dos pacientes podem ter reincidência, índice que pode ser reduzido com a adoção de medidas preventivas.

Blog – Pelo que pesquisadores e especialistas como o senhor o que causa pedras nos rins?
Fábio – Existem quatro tipos de cálculos renais: os de cálcio, mais comuns; os de cistina, que afetam pessoas com cistinúria, uma doença renal crônica; os de estruvita, que são os que mais crescem, podendo bloquear o local onde estiver alojado e os cálculos de ácido úrico, mais comuns em pacientes do sexo masculino. O Ministério da Saúde elenca entre as causas mais frequentes da formação de pedras nos rins a predisposição genética; o volume insuficiente de urina ou urina supersaturada de sais; o sedentarismo; a obesidade; a baixa ingestão de líquidos; as alterações anatômicas; a imobilização prolongada; o clima quente e a exposição ao calor ou ao ar condicionado. Condições prévias como resistência à insulina; hiperparatireodismo – transtorno hormonal relacionado ao metabolismo do cálcio – ou as doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn, também são fatores de risco para cálculos renais. A Sociedade Brasileira de Nefrologia acrescenta que a alimentação inadequada com consumo excessivo de proteínas e de sal também favorece o aparecimento das pedras.
Blog – E o que já se sabe a respeito de existem sintomas além da dor propriamente dita?
Fábio – Quando se fala em pedras nos rins, imediatamente associa-se à dor intensa. No entanto, o Ministério da Saúde ressalta que, em poucos casos, não há sintomas ou há pouca dor durante a passagem da pedra pelo canal que leva a urina do rim para a bexiga. Portanto, no momento do diagnóstico da doença também são avaliados outros sinais, como náuseas e vômitos; suspensão ou diminuição do fluxo urinário; necessidade de urinar com mais frequência; infecções urinárias; ardência ao urinar e febre. Se a pessoa perceber que há sangue na urina, deve procurar atendimento médico imediatamente.

Blog – Outra dúvida frequente é sobre como diagnosticar e tratar os cálculos renais. O que a medicina poderia dizer a esse respeito?
Fábio – As diretrizes da Sociedade Brasileira de Nefrologia orientam que, diante dos sintomas, o médico pode solicitar a ultrassonografia de abdômen total, exames de sangue e de urina, que também fornecem indicadores para o diagnóstico de pedras nos rins ou para determinar as medidas preventivas necessárias ao paciente. O tratamento clínico é feito com uso de analgésicos, respeitando a prescrição médica e com o aumento na ingestão de água, para forçar a eliminação espontânea das pedras. Se o cálculo for grande ou estiver obstruindo a passagem da urina, a alternativa é a intervenção cirúrgica. Existem dois procedimentos possíveis: em um, é feito um corte nas costas para remover a pedra. No outro, o médico insere um cateter na uretra do paciente até chegar à pedra, que é implodida. Desta forma, com o tamanho reduzido, os cálculos serão eliminados naturalmente..

Blog – Beber água é método de prevenção?
Fábio – A SBU reforça que melhorar os hábitos e a qualidade de vida atua diretamente para evitar o aparecimento ou novo episódio de pedras nos rins. A prioridade é beber água, geralmente, pelo menos dois litros por dia. A quantidade é orientada pelo médico de acordo com a realidade do paciente. Sucos de frutas cítricas são opções que protegem o corpo. Ressalta que não são indicados café; chás; bebidas alcóolicas; refrigerantes, sobretudo à base de cola. O consumo frequente destes líquidos pode levar à formação de cálculos. ■

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