O ex-ministro francês do Orçamento Jérôme Cahuzac, condenado por corrupção em seu país, cumpre uma espécie de pena alternativa como clínico geral na pequena vila de Camopi, na Guiana Francesa, na fronteira daquele departamento ultramarino com o Amapá, em plena floresta amazônica. Segundo a imprensa francesa, é uma volta à sua primeira profissão, médico, com a qual ele tenta se reerguer nos últimos seis anos.
Ainda de acordo com publicações de Paris, ele já teria declarado arrependimento e até mesmo admitindo estar ‘devastado pelo remorso’, em um comunicado divulgado na internet. “Será necessário reconstruir aos 66 anos uma vida destruída […]. O acaso, a única divindade para a qual acredito”, disse o ex poderoso ministro das finanças do governo François Hollande.
A notícia começou a circular ontem em Paris, com os jornalistas narrando o que chamam de “deserto médico” o cenário da pequena Camopi, com menos de 1,7 mil habitantes em plena floresta amazônica. Apesar de ter tido a pena reduzida pelo Tribunal de Paris, após apresentar apelação à Corte, Jérôme Cahuzac, ex-vice-prefeito de Villeneuve-sur-Lot (Lot-et-Garonne) e ex-ministro do orçamento, não fala em futuro.
Ele tinha dificuldade em projetar-se em um futuro imediato, de qualquer maneira sujeito a prisão domiciliar. E ainda lutando para retomar a carreira, constrangido, sem se mover. Ele ainda quis retomar a vida como aposentado nas montanhas da aldeia de Pianottoli-Caldarello, pequena comunidade ao sul da Córsega, perto de Bonifácio, na qual ele chegou a morar, mas autoridades da classe médicas impuseram dificuldades.
De volta
É, portanto, na Guiana Francesa, onde ele já visitou como ministro, que ele retornará à sua primeira profissão, a de antes dos implantes capilares que lhe renderam, também, uma parte de seus problemas legais. Ex-chefe da clínica do Hospital em Paris, ele era cirurgião cardíaco no Boucicaut Hospital antes de se dedicar à política e a um estilo de vida diferente.
Durante seus anos difíceis, Cahuzac tentou montar um consultório médico no Departamento 93, depois para ir para o continente africano, vítima do vírus Ebola. A autoridade tutelar contestou, talvez temendo que a mídia acompanhasse de perto essas carreiras (re) emergentes.
A vida do ex ministro não tem sido realmente fácil. Um anestesiologista expressou sua recusa em trabalhar com o Dr. Cahuzac, ou quando a ONG pela qual ele trabalhou silenciosamente durante algum tempo proibiu-o de mencionar seu nome, por medo de não mais receber financiamento.
O ex ministro tem como seu advogado, Eric Dupond-Moretti, que telefona para ele com informações do Continente.
Esse retorno à Guiana Francesa, em Camopi, em pleno deserto médico e geográfico, na margem esquerda do rio Oiapoque, na fronteira com o Brasil, tem um contrato de um mês, longe da mídia, mas perto de mulheres, crianças e homens que, sem dúvida, estarão interessados no currículo de seu novo médico.
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