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O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, concede uma entrevista em que defende a nova política industrial das críticas, afirma que só haverá recurso não reembolsável para pesquisa.
Cleber Barbosa, da Redação
Diário do Amapá – A nova política industrial já deu o que falar. O senhor disse várias vezes nas entrevistas, que são R$ 300 bilhões em 3 anos, mas não tem custo fiscal. Mas tem até recursos não reembolsáveis, que significa dinheiro dado. Então como é que não tem custo fiscal?
Geraldo Alckmin – Lançamos com o presidente Lula a Nova Indústria Brasil baseado em quatro pilares. Primeiro, uma indústria inovadora, pesquisa, desenvolvimento e inovação. Uma indústria verde sustentável, para transição ecológica. Uma indústria exportadora que nós exportamos pouco com valor agregado e uma indústria produtiva competitiva que possa participar da competência internacional. Você só tem recurso não reembolsável para pesquisa e desenvolvimento e inovação, aliás, nem está no Ministério da Indústria e Comércio. Nós não temos nenhum recurso não reembolsável, isso é no Ministério de Ciência e Tecnologia. É muito focado mais na universidade e algumas pesquisas mostram que o mundo inteiro quando tem grande risco, você não vai emprestar dinheiro com juros de 18%, 20% ao ano. Então o foco é fortalecer a inovação, muito foco em TI (Tecnologia da Informação), muito foco no complexo da saúde. O primeiro déficit da balança comercial é TI. O segundo é o complexo da Saúde. O empréstimo com o uso de TR vai para a indústria inovadora.
Diário – Nessa parte de “recursos não reembolsáveis” tem fertilizantes e defensivos, produtos ou suas embalagens com nanotecnologia e biotecnologia. Produtos e ingredientes de maior valor agregado com base em biomassa. Melhoramento genético animal e vegetal. Redução do consumo de água e da pegada de carbono na atividade agropecuária. O que é isso? Dar dinheiro ao setor agropecuário fazer o que é obrigação dele?
Alckmin – Apenas para pesquisa. Como nós somos um grande celeiro do mundo, o grande exportador de proteína animal e vegetal e dependemos de NPK – nitrogênio, fósforo e potássio. Isto é básico. Nós não queremos desmatar os biomas, nós queremos preservar os biomas, então nós precisamos ganhar produtividade, precisamos pegar pastagem degradada e fazê-la grande produtora de agricultura. Para isso, eu preciso tratar do solo nitrogênio e fósforo e potássio. Fósforo, eu importo mais de 70% dos fosfatados, nitrogenados quase 90%. Tudo importado. E potássio 97%. Tudo importado, você não tem nada.
Diário – O senhor fala em pesquisa nessas áreas para encontrar alternativas a esses produtos?
Alckmin – Isso é um escopo. Os projetos são apresentados à Finep. Lá no Ministério de Ciências e Tecnologia ela avalia os projetos, seleciona projetos de um critério muito bem-feito para verificar que tipo de projeto é aprovado. No caso do fertilizante, esse é um problema. Eu que a meta não é ficar independente, mas ao menos reduzir para 50% a importação. Porque no caso do potássio é 97%. Nos nitrogenados é quase 90%. E no fósforo é mais de 70%. Agora vai inaugurar daqui 15 dias na Serra do Salitre, em Minas Gerais, uma nova mina e industrialização na área de fosfatados. A gente vai avançar um pouquinho mais na área do fósforo. Mas é importante você ter menor dependência na área de fertilizante.
Diário – No caso do melhoramento genético, eles fazem isso há muito tempo. Além do mais, a Embrapa sempre transferiu os recursos de conhecimento para o setor agropecuário, porque criar mais um estímulo, mais um incentivo?
Alckmin – Pode ter ou não, isso vai depender do projeto analisado na Finep. No caso nosso é BNDES, não há nenhum recurso que não seja empréstimo. Aliás, o valor dos juros no Brasil é escandaloso, 11,25% de Selic mais spread mais taxa de administração, mais de 15%. Se for verificar o porquê do baixo crescimento brasileiro nas últimas décadas é uma combinação de imposto alto, juros – altos, altíssimos, maiores do mundo, câmbio sempre teve mais valorizado. Agora melhorou e você tem um câmbio competitivo de R$ 4,90. O juro ainda é alto, mas está em queda e é fundamental. Como é que eu vou competir num produto se lá fora o juro real é zero e aqui é 7%, 8% de juros. Você tem uma dificuldade competitividade. Outro problema é o imposto, que a reforma tributária vai ajudar. Ela não vai reduzir a carga tributária, mas ela vai simplificar a carga tributária, desonerar a indústria que está super tributada e desonerar totalmente investimento e exportação.
Diário – A íntegra em www.diariodoamapa.com.br.
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