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Um novo cenário profissional que se apresenta, onde o home office ganha espaço, mas gerando fadiga mental.
Sociedade

Home office, a difícil arte de desenvolver disciplina dentro de casa

Eduardo Sanches, colaborador.

Betral

Como ter disciplina diante do cenário atual determinado por algumas empresas? Isso tudo está exigindo muitas adaptações, indispensáveis, em cada um de nós. Esta nova realidade entrou de uma vez pela porta da frente das nossas casas de um jeito que nunca imaginaríamos. A verdade é que o mundo corporativo entrou em nossas casas de uma maneira mal planejada. Assim como os encontros e reuniões com colegas e equipes também foram transformados, tornando-se virtuais.

É esse cenário do chamado “novo normal” de muitas pessoas que está gerando o que chamamos de Fadiga Mental, um termo ainda meio recente, que muitos profissionais podem estar sofrendo sem saber. E o que é Fadiga Mental? “É a sensação de se sentir cansado demais – só que pelo mundo online.  O Home Office trouxe para a nossa vida, por exemplo, um excesso de reuniões em vídeos cada vez mais exaustivas”, explica Mari Clei Araújo, diretora da MC Coaching & Consultoria.

Tudo isso, alinhado à rotina de trabalho que já existia, e somado às atividades domésticas que muitos não tinham na sua rotina, nos dão a sensação de que o nosso trabalho aumentou. “E aumentou mesmo. Esse excesso é decorrente de mais reuniões (virtuais) e também das telas do celular ou do computador. Essas imagens em telas tendem a consumir mais energia de nós para que consigamos interpretar corretamente tudo que acontece relacionado à reunião. Ao contrário, nos encontros pessoais, há muitos estímulos que facilitam toda esta comunicação, gerando menos estresse e gastando menos da nossa energia”, acrescenta Mari Clei.

Mente&Corpo

Além disso, muitas vezes, sem nos dar conta, estamos participando de reuniões virtuais com tensão no rosto ou franzindo a testa, por exemplo, alguns dos sintomas da Fadiga Mental – e isso pode até nos gerar dor de cabeça durante ou após a reunião virtual. É fácil entender esse cenário. Nossas mudanças foram muito maiores do que alguns imaginam. Antes nos deslocávamos para ir ao trabalho, enfrentávamos trânsito, engarrafamentos, horas no metrô, trem, para chegar em nosso posto de trabalho e por lá ficar, muitas vezes, entre 8 e 10 horas todos os dias. E no final do período voltar para a nossa rotina normal de casa, com filhos, família, faculdade, academia – quase sempre, neste horário não havia mais trabalho. E hoje ainda há! Uma dica simples para amenizar essa Fadiga Mental é tentar reduzir a quantidade de imagens, e aumentar a quantidade de textos e áudios, se for possível. Isso já reduziria o trabalho do cérebro, evitando parte desse cansaço e esforço exagerado.

Neste “novo normal”, as empresas entraram em nossas residências, quartos, salas e cozinhas – e tivemos de nos adaptar por uma necessidade emergencial, sem planejar muito a viabilidade do espaço, iluminação, ruídos etc. Passados cinco meses, diversas empresas transferiram definitivamente suas ações (reuniões/treinamentos/feedbacks) e hoje incorporamos esta rotina à nossa vida pessoal dentro de nosso lar, somadas às ações do dia a dia, como cuidar dos filhos ou da casa. Para alguns, esta transformação foi super tranquila, mas para outros ainda incomoda muito.

Mudanças fazem parte da nossa vida, mas a pandemia trouxe a todos uma nova visão de responsabilidades, disciplina e autocontrole, em um cenário nada ajustado para isso. Apesar disso, cada funcionário precisa seguir em frente, entender qual a melhor forma de não perder o foco no trabalho, na carreira e ainda manter a harmonia dentro dos seus lares.

Dicas da Especialista

Para nos adaptarmos a qualquer mudança, em geral, levamos em média de três a seis meses. E se isso não for planejada, certamente vai gerar algum desconforto inicial. Para isso, Mari Clei apresenta algumas sugestões que podem melhorar a  produtividade no home office, aumentando a harmonia entre o trabalho e a vida pessoal.

Negocie com o seu líder: este momento de adaptação requer que você busque novas formas de se relacionar, mostrando efetivamente o que está lhe deixando com algum desconforto – podem ser as rotinas diárias, por exemplo, e, neste caso, uma forma para se adaptar é criar uma agenda com os horários das reuniões virtuais.

Crie seu próprio espaço mental: se você tem dificuldade para se adaptar ao local atual de trabalho, imagine que a sua casa, agora, além das divisões normais, ganhou um novo local voltado para o trabalho. Você terá que estar adaptável: roupas, material de trabalho, móveis, iluminação, ruídos, conexão com a internet – tudo isso tem que ser muito bem controlado. Crie seu espaço e faça dele o melhor possível, assim você terá disposição para entrar em ação todos os dias, com uma estação de trabalho do jeito que você gosta.

Adaptar uma nova rotina: reorganize suas atividades domésticas e profissionais. As tarefas domésticas, realizadas juntas com as atividades profissionais, levam a pessoa a trabalhar mais. Procure separar o que é importante do urgente em suas atividades e tente iniciar pelo menos as três principais que vão gerar resultados em sua vida , assim você coloca as prioridades para aquilo que deseja alcançar.

O importante deste novo momento é que as pessoas reajam ou respondam de forma diferente, de acordo com a sua disposição, o seu preparo, planejamento, idade e tendências. “Por isso, é importante você lembrar daquela velha e famosa frase: ‘Os que mais se adaptarem serão os que sobreviverão’. Fazer a gestão da mudança requer que você se desafie o tempo todo, e, neste novo normal, é fundamental inovar e se adaptar constantemente”, conclui a diretora da MC Coaching & Consultoria.

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