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Vincent Bevins mergulha na realidade de vida de brasileiros que tentam ganhar a vida na Guiana Francesa
Turismo

Impressões de um jornalista americano sobre a relação Amapá-Guiana

Cleber Barbosa, da Redação

Betral

Primeiro foi a imprensa francesa. Agora foi o jornal Los Angeles Times, dos Estados Unidos, que escalou o jornalista Vincent Bevins para uma viagem pitoresca. Só isso pode explicar o fato do repórter ter se abalado da terra do Tio Sam até a bucólica cidade de Oiapoque, na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa, para registrar o que eles dizem ser inexplicável: o fato da ponte binacional, que custou mais de 30 milhões de euros, ligar o nada a lugar nenhum.
O que abre a reportagem é um personagem mais que apropriado, um catraieiro. Sim, seria como ir a Nova Iorque e fazer perguntas sobre a rotina da cidade a um taxista local. Essas figuras são um alvo fácil.
“Quando José Domingos acelera descendo o rio Oiapoque em sua canoa, mais uma vez hoje, ele passa por baixo de uma gigantesca ponte pênsil. De longe, a estrutura mais imponente em qualquer lugar perto desta cidade abafada na fronteira amazônica, ela aparece em cima e, em seguida, retira-se atrás dele, enquanto ele se move através da água marrom. A ponte liga o Brasil à Guiana Francesa, o único pedaço de terra no continente sul-americano que ainda faz parte de uma antiga possessão colonial. Mas apesar de ter sido concluída há dois anos, ainda não foi aberta ao tráfego. Do lado brasileiro, uma pequena placa coberta de ferrugem, onde se lê simplesmente: Pare!”
O jornalista diz que Oiapoque é uma cidade que denota muita pobreza. “Uma cidade que o tempo e o resto do Brasil parecem ter esquecido, ela poderia muito bem ser uma ponte para lugar nenhum”, diz, em tom de crítica, o enviado ao Brasil. Ele aborda um passageiro da catraia, Samuel Nogueira.
“Nogueira verifica seu telefone distraidamente por algo para distraí-lo no trajeto de 15 minutos para o seu trabalho, na Guiana Francesa, mas nunca há qualquer serviço em Oiapoque, que generosamente os moradores chamam de ‘começo do Brasil’. Assim, ele retorna para assistir a floresta espessa passar por ele. E diz: – É claro que, se a ponte estivesse realmente em operação, a minha vida seria muito mais fácil! Diz Nogueira, que mora no Brasil, mas trabalha lavando carros na Guiana Francesa, ganhando os euros mais valiosos. – Mas eu não posso reclamar sobre este passeio também. É incrivelmente lindo. Completa o brasileiro.”
A reportagem, embora possa ser um choque de realidade por desnudar fragilidades tupiniquins, não é de um todo ruim.

Ponte ajudaria Caiena a se desenvolver, diz jornal norte-americano

Ainda de acordo com a reportagem, tanto Brasil como a Guiana Francesa podem se beneficiar da ponte. Mas isso passa pelo cumprimento de metas programadas pelo governo brasileiro para eventos como a Copa de 2014:
“Nos últimos anos, no entanto, atrasos na construção de obras estruturantes do Brasil tornou-se a desenvolver constantemente, e o país não conseguiu cumprir a maioria das suas melhorias de infraestrutura prometidas antes da Copa do Mundo em junho e julho. Com uma auto-estrada e ponte concluída, a Guiana Francesa seria mais fácil de chegar para muitos moradores do Estado do Amapá que qualquer outra parte do Brasil. E seria como abrir o pequeno país. A Guiana Francesa não é apenas controlado pela França – é a França, tanto quanto Hawaii é os Estados Unidos. A capital Cayenne, a três horas em boas estradas da fronteira, é composta por pitoresca arquitetura colonial, de cintura baixa, e os imigrantes chineses e brasileiros trabalham ao lado de moradores francófonos em seus restaurantes e lojas. Alimentos, assim como a televisão, são importado da França Continental”.
As palavras do jornalista americano, mostram que ele também visitou a capital da Guiana Francesa.

Nos EUA, é ‘fazer a América’, aqui brasileiros sonham ‘fazer a França’

Nos Estados Unidos, os americanos convivem diariamente com tentativas de estrangeiros adentrarem o país pela fronteira do México, entre eles muitos brasileiros. Essas incursões são para o que se convencionou chamar de “fazer a América”, que significa ganhar a vida em um país com moeda e qualidade de vida muito melhor. De acordo com a publicação do jornal Los Angeles Times, a saga dos brasileiros em se aventurar entrar no território da Guiana Francesa é para “fazer a França”.
“Oiapoque tem a sensação de um lugar em um realista romance mágico, uma cidade extremamente quente distribuída por algumas ruas ao longo do rio Oiapoque, que é ao mesmo tempo sonolento e famoso para os vícios comuns em postos de fronteira. Para alcançá-lo a partir do próximo estado brasileiro, que é o Pará, onde o passageiro da catraia Nogueira nasceu, a maioria dos visitantes tem que pegar um barco através do Rio Amazonas por 24 horas ou mais. Centenas de pessoas suam e balançam em redes com o barco atravessando a selva verde escuro. Quando eles chegam em Macapá, capital do Estado do Amapá, eles ainda têm de passar 10 horas em um ônibus caminhão ou um 4×4 que pode leva-los sobre as estradas não pavimentadas até Oiapoque. Ela serve como uma última parada para os que se dirigem para a Guiana Francesa, onde o salário é melhor aos brasileiros. Eles vão para a capital, Caiena, onde alguns brasileiros podem trabalhar legalmente; uma zona livre de fato perto do rio (os gendarmes franceses verificam os passaportes depois, ao longo dos quilômetros de rodovias no país); ou até a costa para pescar ilegalmente ou garimpar ouro”(Redação: Vicent Bevins)

Curiosidades

– Durante a estada do jornalista americano na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa, ele diz que há quem ganhe com o abandono do governo brasileiro, os catraieiros.
– Uma mulher diz que o abandono do governo brasileiro é bom para o transporte clandestino d ecargas e passageiros.
– Um taxista não concorda e diz a ele: “Para nós, este é o começo do Brasil”, mas para o resto do país, que aqui é o fim do mundo.”

1.945
Ano de criação do município de Oiapoque.

Oiapoque

 

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