A bancada federal do Amapá no Congresso Nacional tem um novo integrante. Trata-se do médico Paulo Albuquerque (PSD/AP), que virou senador da república após o pedido de licença médica por 121 dias do titular Lucas Barreto, do mesmo partido. Durante a semana, recebeu o Portal CB em seu gabinete em Brasília, ocasião em que falou como tem sido essa experiência em sua carreira, que na verdade foi retomada quando aceitou o convite de Barreto para ser seu suplente, nas eleições de 2018. Paulo Albuquerque é um destacado profissional da medicina diagnóstica no estado e anteriormente foi prefeito de Cutias do Araguari (AP), numa experiência que disse ter sido muito desgastante, tanto que não disputou a reeleição. Os principais trechos da conversa o Blog destaca a seguir.
Cleber Barbosa, da Redação
Portal CB – O senhor foi chamado no final do ano passado para cobrir a licença do seu amigo e aliado Lucas Barreto que teve que sr submeter a uma cirurgia. Como tem sido essa experiência como senador da República?
Paulo Albuquerque – É um desafio, pois a gente tem que agregar tantas pessoas e instituições que o mandato dele conquistou. O Amapá merecia um senador do nível do senador Lucas Barreto, graças a Deus, e agora juntando com a força do senador Davi [Alcolumbre] e o restante da bancada você torna o Amapá muito mais forte, então a gente vem aqui com a mesma determinação e linha de pensamento para contribuir com o estado e fazer o melhor para a sociedade, seus interesses e a nossa representatividade.
Portal – O senhor foi prefeito de um município do interior, Cutias do Araguari, quando decidiu não disputar a reeleição por se dizer insatisfeito com o mundo da política, então o que foi decisivo para aceitar o convite de Lucas Barreto, com um projeto novo para ser seu suplente e de alguma forma retomar a carreira política?
Paulo – Na realidade, muito particularmente falando, eu sempre reconheci o Lucas como um grande político, não me arrependi de apoia-lo e estar hoje a seu lado, então foi por isso que eu voltei para a política. Foi por acreditar na competência e na qualidade dele, especialmente pelo compromisso que o Lucas tem com a sociedade amapaense.
Portal – Brasília tem sua história intrinsecamente ligada à figura de JK [Juscelino Kubitscheck], que era médico como o senhor e que enveredou pelo caminho da política. Então como é essa relação entre a medicina e a política para o senhor?
Paulo – Para mim é tranquilo, pois eu consigo administrar muito bem as duas coisas, logicamente sem causar prejuízos nem para uma, nem para a outra atividade. A gente faz apenas um sacrifício a mais para se dedicar tanto à medicina quanto à política, embora seja um curto período [a cobertura do afastamento de Lucas Barreto], mas a gente vai se dedicar da melhor forma possível para realizar as coisas que precisam ser realizadas em prol do Amapá e em prol do Brasil.
Portal – Ainda sobre saúde, fale então desse projeto de medicina diagnóstica que o senhor mantém no Estado, isso requer muito estudo, atualização e investimentos, como está este setor no Amapá hoje inclusive para fidelizar os pacientes e clientes?
Paulo – Sem dúvida alguma, na hora que o paciente pisa lá para nos procurar o compromisso é total, é cem por cento, portanto é fazer o nosso melhor e fazer tudo o que for possível para restabelecer a saúde deles, conduzindo adequadamente para tratar os problemas que por ventura existirem.
Portal – Por falar na população, tem uma parcela importante dela que é formada pela categoria dos servidores públicos e o senhor esta semana recebeu mais uma vez uma delegação deles em seu gabinete. Tem muitas demandas reprimidas que precisam a atuação dos nossos congressistas, não é?
Paulo – Sem dúvida, disse a eles que estamos à disposição de todas as categorias funcionais, são valorosos homens e mulheres que servem à nossa população, mas que possuem interesses como a própria questão da Transposição [para os quadros da União], como também as demandas dos professores, Plano Collor, enfim, são várias situações que nos fazem estar focados no compromisso com as pessoas do meu estado.
Portal – No final da semana o senhor ocupou a tribuna do Senado para chamar a atenção para a necessidade da atualização em relação ao custeio do tratamento do câncer para os pacientes do SUS [Sistema Único de Saúde]. Qual o caminho?
Paulo – Foi um pronunciamento que tinha a ver com as reflexões pela passagem do Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado no dia 4. Cobrei a atualização da tabela de valores pagos aos laboratórios de diagnóstico de câncer conveniados ao SUS. Somente com a atualização da tabela será possível cumprir a Lei 13.896, de 2019, que exige o diagnóstico da doença em hospitais públicos em até 30 dias, após a suspeita levantada pelo médico clínico.
Portal – Há o risco de descontinuidade desse atendimento então?
Paulo – Com a tabela desatualizada, muitos laboratórios estão deixando de atender o SUS, o que atrasa os diagnósticos e dificulta o tratamento para câncer. O Tribunal de Contas da União fez um longo estudo, em que aponta, entre outros fatores, a baixa remuneração como causa desse atraso no diagnóstico. A Sociedade Brasileira de Patologia vem comunicando o Ministério da Saúde, desde 2016, que esse problema precisa ser resolvido, entregando estudos de impacto e alertando para o fato de que os pacientes estão ficando desassistidos.
Portal – O senhor também participou de dois eventos ligados a logística de transporte em Brasília, como o fórum Brazil Export e a posse da nova diretoria do Conselho Nacional da Praticagem. Como o senhor observa este setor?
Paulo – Pra mim foi uma grande honra participar de tudo isso, principalmente vendo uma pessoa do Amapá assumindo um órgão de tamanha relevância não só para o Amapá, mas para o Brasil também, daí então a gente estar apoiando e empunhando essa bandeira do desenvolvimento e agregação de valor, pois com isso melhorias virão para o nosso estado sem dúvida nenhuma, e para o Brasil, pois somos uma potencial zona de escoamento de alimentos do Centro-Oeste, com toda certeza.
Portal – Neste sentido os especialistas do setor vislumbram ainda que todo esse modal de transporte que foi preparado para escoar a produção do Centro-Oeste, que inclui, carreta, barcaça e navio, possa também fazer o caminho inverso, com insumos para a agricultura.
Paulo – Sim, e levando também as riquezas do Amapá para o resto do Brasil, não tenho dúvida. Então por isso a importância de virmos aqui cumprimentar o prático Ricardo Falcão que assume a presidência da entidade. Nada mais justo ao ver o patamar que ele alcançou, então a expectativa é enorme de potencializar tudo isso e contribuir muito para destravar a economia do nosso Amapá e com isso beneficiando a nossa população.
Portal – Obrigado pela entrevista e um bom trabalho ao senhor em Brasília.
Paulo – Eu que agradeço.
Perfil
Entrevistado. O médico Paulo Albuquerque, de 45 anos, tomou posse como senador da República no dia 17 de dezembro de 2019. Ele assumiu a vaga do Amapá no Senado Federal, durante licença do titular, senador Lucas Barreto (PSD). Paulo José de Brito Silva Albuquerque já foi prefeito do município de Cutias do Araguari, entre 2009 e 2012, tendo desistido de concorrer à reeleição. Ele formou-se em Medicina pela Universidade Estadual do Pará (1997), fez residência médica no Hospital da Santa Casa de São Paulo (2001). Foi consultor do Instituto Evandro Chagas, em Belém, e professor da Universidade Estadual. É médico do serviço público do Amapá e também sócio proprietário de clínica de medicina diagnóstica que leva o seu nome em Macapá.
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